Atualidade

25  de Julho 2020

Um Sonho que Será Realidade na Capela de Santo Amaro

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Há muito que Junta de Freguesia de Alcântara acalenta o sonho de recuperar a capela seiscentista de Santo Amaro, mas agora o futuro apresenta se risonho e o sonho está quase a tornar-se realidade. Trata-se de um templo que remonta à época do Renascimento (1549), cuja história não tem sido um mar de rosas, mesmo que tenha sido declarado Monumento Nacional em julho de 1910, ainda no tempo da monarquia, foi encerrado pela república em 1911, sendo depois profanado, vandalizado e saqueado vindo a ser apenas uma carvoaria, nos anos 20 do século passa do.
Na actualidade, o templo encontra-se bastante degradado, sobretudo no seu interior e em geral em todo o espaço da ermida, porque há décadas que desconhece o que é manutenção e não recebe trabalhos de fundo: a bem dizer a última intervenção mais abrangente foi nos anos 50 do seculo XX, durante o Estado Novo, quando se encontrava muitíssimo degradada, no entanto, o seu estado actual já não é tão grave, porque ao longo dos anos tem sido objecto de pequenas intervenções, tendo sido a última em 1999, mas passados aproximadamente 60 anos desde as últimas intervenções de fundo, a Capela de Santo Amaro está num estado que pede uma profunda intervenção
As boas noticias são que Davide Amado, presidente de Alcântara, não parou de perseguir o seu sonho e, apesar dos atrasos burocráticos provocados pela pandemia, o projecto-base de arquitectura para a reabilitação do monumento já está concluído, assim como o relatório para conservação e restauro
Os projectos criados já deram entrada na Direcção Geral do Património Cultural para aprovação e, apesar do atraso de quase dois meses provocados pelo vírus, espera-se que a partir de agora a obra consiga cumprir o cronograma de trabalhos apresentado.
Os seus autores dizem que “O projecto, que agora se apresenta, pretende alcançar um conjunto de objectivos relacionados com o bom funcionamento e desempenho do edifício, no que respeita ao uso, mas também as condições físicas da construção, e aproveitar a oportunidade que se apresenta para corrigir alterações que não se prendem essencialmente com questões funcionais, mas sim com a valorização do monumento e da sua relação com o sítio”.
Embora haja quem ligue a origem da ermida a um grupo de frades da Ordem de Cristo após o seu regresso de Roma que aqui podem ter iniciado a sua prática religiosa, a sua fundação também pode ser atribuída aos tripulantes galegos de uma barca que ali terá dado à costa. No entanto, como o espaço envolvente assume a forma de uma embarcação com a própria Capela a assumir a função de ponte de uma nau, ou caravela, cuja quilha aponta para o Tejo, tudo indica a segunda hipótese como a mais provável.
A Capela tem uma planta que se carateriza pela sua forma circular com oito metros de diâmetro, que é coroada por uma cúpula finalizada em lanternim (ventilador), escoado por três janelas e encimada por uma pequena cúpula. A capela-mor respeita o estilo da Capela apresentando, de igual modo, uma forma circular. mas sendo ladeada, à direita, pela sacristia (contígua à galilé) com um belo arcaz que nos mostra pinturas alusivas à vida e milagres, mais relevantes, do padroeiro. Do lado esquerdo, a capela-mor é ladeada pela casa do despacho.
Entre os tesouros da Capela, encontramos dois altares de madeira sendo um, o do Evangelho, de invocação a São João Batista e o outro, o da Epístola, a Santa Bárbara. As paredes são vestidas por silhares policromados, de azulejos com cenas da fundação do templo, que poderão datar do século VIII e que são identificados como vindos das fábricas do Rato. O orago (Santo Amaro), por sua vez, encontra-se no altar-mor da abobadada capela-mor e a nível da cobertura, o coro central é ladeado, num nível superior, por dois terraços. Prevê-se a abertura do concurso público, tendo em conta os atrasos provocados pela pandemia, para fevereiro de 2021 e início da obra de restauro em maio seguinte. Presume-se que os trabalhos tenham uma duração de 10 meses e estejam finalizados em fevereiro de 2022.

Fonte: Al-Qantara, nº6 (julho, 2020)